Os contribuintes brasileiros trabalham até hoje exclusivamente para pagar tributos neste ano, mostra estudo realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação).
O que aconteceu
O Brasileiro dedica 149 dias do ano somente ao pagamento de tributos. A avaliação considera a incidência da taxa de 40,82% sobre impostos, taxas e contribuições sobre a renda, o consumo e o patrimônio do cidadão. O tempo dedicado aos desembolsos é semelhante ao estimado no ano passado.
Impostos sobre o consumo são os que mais penalizam o profissional. A cobrança representa 22,73% da renda do brasileiro no período pesquisado, o equivalente a 83 dias de trabalho. Já os tributos sobre a renda somam 15,06% (55 dias). Por fim, os impostos sobre o patrimônio respondem pelos demais 11 dias.
O tempo trabalhado para pagar impostos mais do que dobrou em 25 anos. Os cálculos mostram que os brasileiros dedicavam, em média, 76 dias para pagar tributos em 1970. A média cresceu para 102 dias nos anos 90, 138 nos anos 2000 e 141 nos anos 2010.
Retornos limitados
A carga tributária nacional é semelhante a de países desenvolvidos. Ao converter a parcela de tributos, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), no número de dias trabalhados, o IBPT observa que o Brasil aparece em 14º lugar entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com 122 dias. O prazo é menor do que na Alemanha (143), Itália (151) e Dinamarca (153).
A diferença ressaltada pelo IBPT está na eficiência dos retornos. “Cobramos como países desenvolvidos e entregamos serviços como os de nações em desenvolvimento”, lamenta João Olenike, presidente executivo do IBPT. Ele atribui o cenário ao atual modelo tributário nacional. “O Brasil tem um sistema regressivo, ineficiente e que pune mais quem ganha menos”, afirma ele.
É estarrecedor constatar que, mesmo após décadas de altas cargas tributárias, se exigem quase cinco meses de trabalho do brasileiro só para custear o Estado. O pior é que, mesmo com essa elevada arrecadação, o cidadão não vê esse dinheiro retornar em serviços públicos de qualidade.João Olenike, presidente executivo do IBPT
A reforma tributária é aguardada como uma luz no fim do túnel. Diante do avanço da proposta em tramitação no Congresso Nacional, o presidente executivo do IBPT cobra que o texto seja “simples, justo e transparente”, com o objetivo de melhorar o desenvolvimento social.
Fonte: UOL